Introdução: O trabalho de cuidado não remunerado é realizado principalmente por mulheres, cuja saúde mental é mais afetada pela sobrecarga de cuidado e pelo conflito trabalho-família em comparação aos homens. As medidas de contenção da COVID-19 podem ter exacerbado as desigualdades de gênero existentes tanto no trabalho de cuidado não remunerado quanto nos resultados adversos de saúde mental. Esta revisão de escopo fornece uma visão geral das evidências recentes sobre o impacto das medidas de contenção da COVID-19 no trabalho de cuidado não remunerado e na saúde mental de subgrupos de cuidadores na interseção de gênero e outras diferenças sociais (por exemplo, etnia, idade, classe) na Europa.
Métodos e análise: Nosso estudo foi informado e orientado pela estrutura metodológica de Arksey e O'Malley. Pesquisamos seis bancos de dados acadêmicos (Medline, PsycInfo, Scopus, CINAHL, Social Sciences Abstracts, Sociological Abstracts, ASSIA) e pesquisamos manualmente as listas de referência de artigos selecionados para identificar artigos de pesquisa relevantes revisados por pares publicados entre 1 de março de 2020 e 7 de setembro de 2022. Além disso, realizamos uma pesquisa de literatura cinzenta usando o Google Scholar e uma pesquisa manual direcionada a sites internacionais e europeus conhecidos. Incluímos estudos que relataram resultados desagregados por gênero sobre trabalho de cuidado não remunerado e saúde mental no contexto das medidas de contenção da COVID-19 na Europa. Dois revisores examinaram de forma independente todos os resumos e textos completos para verificar a elegibilidade e extrair os dados relevantes. Os resultados foram sintetizados narrativamente.
Resultados e discussão: Nossos resultados sugerem uma maior diferença de gênero na divisão do trabalho de cuidado não remunerado e, em menor grau, na saúde mental, que é desfavorável para mulheres e mães. Apesar disso, vemos uma quebra na divisão tradicional do cuidado infantil, com os pais assumindo um papel maior no trabalho familiar, o que nos deixa otimistas sobre a divisão do trabalho de cuidado na era pós-COVID-19. Esta pesquisa também mostra que, entre as mulheres europeias, grupos populacionais frequentemente pouco estudados, como mulheres monoparentais, deficientes ou negras, têm o maior aumento no trabalho de cuidado não remunerado e a maior deterioração no bem-estar.
