Importância: A implementação bem-sucedida da inteligência artificial (IA) nos cuidados de saúde depende de sua aceitação pelas principais partes interessadas, particularmente pelos pacientes, que são os principais beneficiários dos resultados impulsionados pela IA.
Objetivos: Pesquisar pacientes hospitalares para investigar sua confiança, preocupações e preferências em relação ao uso da IA em cuidados de saúde e diagnóstico e avaliar os fatores sociodemográficos associados às atitudes dos pacientes.
Design, cenário e participantes: Este estudo transversal desenvolveu e implementou uma pesquisa quantitativa anônima entre 1º de fevereiro e 1º de novembro de 2023, usando uma amostra não probabilística em 74 hospitais em 43 países. Os participantes incluíram pacientes do hospital com 18 anos de idade ou mais que concordaram com a participação voluntária na pesquisa apresentada em 1 dos 26 idiomas.
Exposição: Folhas de informações e pesquisas em papel pela equipe do hospital e publicadas em hospitais de destaque.
Principais resultados e medidas: O resultado primário foram as respostas dos participantes a um instrumento de 26 itens contendo uma seção de dados gerais (8 itens) e 3 dimensões (confiança na IA, IA e diagnóstico, preferências e preocupações em relação à IA) com 6 itens cada. As análises de subgrupos usaram modelos de links cumulativos mistos e binários de efeitos mistos.
Resultados: No total, participaram 13.806 pacientes, incluindo 8951 (64,8%) no Norte Global e 4855 (35,2%) no Sul Global. Sua idade média (IQR) era de 48 (34-62) anos e 6973 (50,5%) eram do sexo masculino. Os resultados da pesquisa indicaram uma visão geral predominantemente favorável da IA na área da saúde, com 57,6% dos entrevistados (7775 de 13.502) expressando uma atitude positiva. No entanto, as atitudes exibiram uma variação notável com base nas características demográficas, estado de saúde e alfabetização tecnológica. As entrevistadas do sexo feminino (3511 de 6318 [55,6%]) exibiram menos atitudes positivas em relação ao uso da IA na medicina do que os entrevistados do sexo masculino (4057 de 6864 [59,1%]), e os participantes com pior estado de saúde exibiram menos atitudes positivas em relação ao uso da IA na medicina (por exemplo, 58 de 199 [29,2%] com opiniões bastante negativas) com saúde muito boa (por exemplo, 134 de 2538 [5,3%]) com visões negativas). Por outro lado, níveis mais altos de conhecimento de IA e uso frequente de dispositivos de tecnologia foram associados a atitudes mais positivas. Notavelmente, menos da metade dos participantes expressaram atitudes positivas em relação a todos os itens relacionados à confiança na IA. O menor nível de confiança foi observado na precisão da IA em fornecer informações sobre as respostas ao tratamento (5637 dos 13.480 entrevistados [41,8%] confiaram na IA). Os pacientes preferiram a IA explicável (8816 de 12.563 [70,2%]) e a tomada de decisão conduzida pelo médico (9.222 de 12.652 [72,9%]), mesmo que isso significasse uma precisão ligeiramente comprometida.
Conclusões e relevância: Neste estudo transversal das atitudes dos pacientes em relação ao uso da IA na área da saúde em 6 continentes, os resultados indicaram que estratégias personalizadas de implementação de IA devem levar em consideração a demografia, o estado de saúde e as preferências dos pacientes por IA explicável e supervisão médica.
