Introdução
A amisulprida, um antipsicótico atípico singular, aumenta significativamente a secreção de prolactina durante o tratamento da esquizofrenia, resultando em efeitos adversos que reduzem a qualidade de vida dos pacientes e a adesão ao tratamento. O aripiprazol, um agonista parcial dos receptores de dopamina D2, reduz a elevação da prolactina induzida por fármacos antipsicóticos usados no tratamento da esquizofrenia. Os alvos moleculares e os mecanismos que fundamentam os efeitos contrastantes desses dois fármacos na regulação da prolactina ainda não estão claros. O objetivo deste estudo foi explorar sistematicamente os mecanismos moleculares da regulação da prolactina pelo aripiprazol e pela amisulprida utilizando técnicas de farmacologia em rede e acoplamento molecular.
Métodos
Alvos relevantes da amisulprida, do aripiprazol, da esquizofrenia e do tratamento da hiperprolactinemia foram obtidos a partir de bancos de dados online e selecionados com base em sua significância. Uma rede de interação proteína-proteína foi construída. Foram realizadas análises de Ontologia Genética (Gene Ontology - GO) e do Banco de Dados de Vias da Enciclopédia de Genes e Genomas de Quioto (KEGG) dos alvos centrais, a fim de identificar processos biológicos-chave e vias de sinalização, e foi estabelecida uma rede integrada alvo-via-fármaco. As afinidades de ligação da amisulprida e do aripiprazol com os alvos centrais foram previstas por meio de análises de acoplamento molecular.
Resultados
A triagem e o cruzamento de alvos farmacológicos e de doença, combinados com as análises de enriquecimento de vias GO e KEGG, revelaram diversas vias de sinalização chave envolvidas na regulação da prolactina, incluindo as vias MAPK, PI3K/AKT e receptores dopaminérgicos. Os alvos centrais do aripiprazol incluem MAPK3, PPARG, DRD2 e ESR1, enquanto a amisulprida atua principalmente sobre MMP9, CDC42, mTOR e AKT1. A análise de acoplamento molecular demonstrou que aripiprazol e amisulprida possuem alta afinidade de ligação com seus respectivos alvos, sustentando a hipótese de que esses fármacos regulam os níveis de prolactina por meio de interações alvo-ligante.
Conclusão
Esses achados destacam as distintas vias de sinalização e redes moleculares envolvidas na regulação da prolactina pelo aripiprazol e pela amisulprida, e fornecem novos insights sobre os mecanismos de ação desses fármacos no tratamento da esquizofrenia. Pesquisas farmacológicas e clínicas adicionais são necessárias para validar as redes regulatórias complexas e seus efeitos in vivo.